Lira: “O que importa é ter serenidade, colocar água na fervura".
Presidente disse que esse desfile é inédito, mas não acredita que tenha relação com a votação sobre o voto impresso.
O
presidente da Câmara dos Deputados, Arthur
Lira (PP-AL), afirmou que não apoia a demonstração marcada para esta
terça-feira, na qual as Forças Armadas vão promover um desfile na Esplanada dos
Ministérios com tanques e armamentos. Os veículos militares passarão em frente
ao Congresso e ficarão estacionados logo adiante, em frente ao Palácio do
Planalto.
Segundo o
Comando da Marinha, o objetivo do desfile é convidar o presidente da República,
Jair Bolsonaro, para participar de treinamento das três Forças, evento que
acontece desde 1988 em Formosa (GO), mas é a primeira vez que esse desfile
acontece na área central de Brasília. Está prevista para o mesmo dia a votação
da proposta que torna obrigatório o voto impresso (PEC 135/19). Segundo Lira, “é uma trágica
coincidência”.
Lira
disse ainda que esse desfile é inédito, mas não acredita que tenha relação com
a votação sobre o voto impresso. Segundo ele, se os deputados quiserem, a
votação pode ser adiada.
“No país
polarizado, isso dá cabimento para que se especule algum tipo de pressão.
Entramos em contato com o presidente Bolsonaro, que garantiu que não há esse
intuito. Mas não é usual, é uma coincidência trágica dos blindados para
Formosa. Isso apimenta este momento”, afirmou.
Lira
voltou a defender a votação pelo Plenário da proposta do voto impresso, pois
ele avalia que, em razão da polêmica, apenas a rejeição pela comissão não seria
suficiente para acalmar os ânimos dos defensores da proposta. Ele cobrou
respeito ao resultado da decisão do Legislativo e propôs que o Tribunal
Superior Eleitoral aumente o número de urnas a serem auditadas para garantir
mais transparência à população. Hoje, apenas 100 urnas são auditadas ao final
da votação nas sessões eleitorais.
“O que
importa é ter serenidade, colocar água na fervura e que não haja vencedores e
vencidos. Estamos falando de eleições limpas, transparentes e com autonomia”,
disse.
“Eu tenho
por hábito ser otimista e um político que cumpre acordo. Comuniquei ao
presidente Bolsonaro sobre a votação pelo Plenário, e que ele merecia uma
resposta final do Plenário da Casa. E ele respeitaria o resultado. E isso vai
ocorrer. Vamos ver como as coisas vão andar, espero que os acordos sejam
cumpridos”, afirmou Lira, ao ser questionado sobre o comportamento do
presidente no caso de derrota da proposta.
Fundo
eleitoral
Lira
defendeu o fundo eleitoral para financiar as eleições do próximo ano. A Lei de
Diretrizes Orçamentárias aprovada em julho prevê uma fórmula para o cálculo do
montante a ser repassado ao fundo e tem sido alvo de polêmicas. Esse valor pode
chegar a R$5,3 bilhões. Ele negou que os recursos saiam de áreas sensíveis como
saúde, educação. Segundo o presidente, o que foi estabelecido foi uma meta de
cálculo baseada em 25% do gasto bienal do Tribunal Superior Eleitoral.
“Quem não
quer o financiamento público não usa, não é obrigado a usar. Mas muitos que
votam contra, na eleição pedem recursos públicos", disse.
Lira
afirmou que é preciso financiar as eleições e defendeu que se volte a discutir
a possibilidade de financiamento privado nas campanhas. ”De onde vamos tirar
dinheiro para financiar a democracia? O tráfico, a milícias, pessoas ricas?
Isso é um assunto sério”, disse.
📷 Najara Araújo
Agência
Câmara de Notícias