BRASIL - China e EUA travam disputa por influência ante à perspectiva de o Brasil aderir à Nova Rota da Seda

Governo Lula cogita ingressar na iniciativa chinesa, enquanto Washington alerta que seria importante fazer uma 'gestão de risco' antes da decisão

Presidentes da China, Xi Jinping (esquerda), e do Brasil, Lula, durante encontro em Beijing, em abril de 2023. | 📷 Ricardo Stuckert/PR

A possibilidade de o governo brasileiro aderir à Nova Rota da Seda (BRI, na sigla em inglês, de Belt And Road Initiative) ganhou força nos últimos meses, e um acordo pode ser anunciado durante a reunião do G20 que acontece no Rio de Janeiro em novembro. A perspectiva de adesão levou a uma troca de farpas entre a China e o os EUA, cada qual tentando influenciar o Brasil para que tome uma decisão de seu interesse.

Na semana passada, em São Paulo, a representante comercial dos EUA, Katherine Tai, esteve em São Paulo e tocou no assunto. Segundo a rede Bloomberg, que promoveu o evento no qual ela marou presença, a autoridade norte-americana disse “incentivar nossos amigos no Brasil a olhar para os riscos na economia atual” através de “uma lente de objetividade, através de uma lente de gestão de risco” e a “realmente pensar sobre qual é o melhor caminho a seguir para mais resiliência na economia brasileira”.

A fala incomodou Beijing, que a classificou como “irresponsável” e desrespeitosa”, de acordo com o jornal South China Morning Post. “Como a China, como maior parceira comercial do Brasil, maior mercado de exportação e principal fonte de superávit, pode representar um risco e não uma oportunidade? Essa visão contradiz os fatos e a lógica básica”, disse a embaixada chinesa em Brasília, acrescentando que o país não precisa de “outros para ditar com quem cooperar ou que tipo de parcerias conduzir”.

O ministro da Agricultura Carlos Favaro também refutou o argumento norte-americano. “Precisamos ter um ótimo relacionamento com os Estados Unidos e a União Europeia, mas também algumas medidas protecionistas devem ser combatidas com uma expansão de parceiros comerciais”, disse ele.

As negociações entre Brasil e China avançaram nos últimos meses e se aproximaram de um acordo para adesão do país à BRI. Existe a expectativa de que o anúncio do ingresso brasileiro seja formalizado quando o presidente chinês Xi Jinping estiver no Rio de Janeiro entre 18 e 19 de novembro.

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