ALEITAMENTO MATERNO - Especialistas falam sobre benefícios e desafios no processo de amamentação

Nestes primeiros sete dias do mês de agosto, comemora-se a 'Semana Mundial do Aleitamento Materno'


No complexo e majestoso percurso da maternidade, um gesto emerge como um vínculo inquebrável entre mãe e filho: a amamentação.

Nestes primeiros sete dias do mês de agosto, comemora-se a 'Semana Mundial do Aleitamento Materno', o movimento social responsável por difundir e defender, significativamente, a prática de amamentar.

A ação, que é ancestral, não se restringe ao ato de alimentar um recém-nascido. Ela representa, igualmente, um elo entre a mãe e o bebê, enquanto proporciona um acúmulo de benefícios inestimáveis para o bem-estar e saúde de ambos.

Vantagens de Longo Prazo

A amamentação é fonte de nutrientes essenciais para o neonato. O leite materno é abundante no que tange às proteínas, vitaminas e anticorpos, proporcionando uma base sólida para o crescimento saudável do bebê. Além disso, a composição do leite se adapta às necessidades de uma criança, fornecendo exatamente o que ela precisa em cada fase, especificamente.

Viviane Miranda, que é enfermeira especialista em aleitamento materno, argumenta que as vantagens da amamentação são inúmeras, desde o aumento da resistência imunológica ao favorecimento do desenvolvimento orofacial, ou seja, o estímulo dos músculos faciais.

"A amamentação fortalece o sistema imunológico, prevenindo doenças e infecções, como as respiratórias, urinárias e de ouvido. Além disso, ela também reduz a ocorrência de distúrbios intestinais, como diarreias e constipação intestinal, e minimiza a probabilidade de adquirir diabetes, hipertensão, obesidade e síndromes metabólicas", diz.

'Dar de mamar' aos filhos também favorece o aprimoramento cognitivo. O estudo 'Associação entre amamentação e inteligência, escolaridade e renda aos 30 anos', publicado pela revista 'The Lancet Global Health', comprova que a duração prolongada do período de amamentação na infância está diretamente relacionada a maiores níveis de inteligência e renda média na vida adulta até os 30 anos.

Nutrindo Laços e Saúde

Nos seios de uma mãe, a criança não se depara somente com o alimento, mas também reencontra a possibilidade de suprir demandas emocionais. O ato de amamentar estabelece uma conexão profundamente íntima entre a mãe e o bebê, satisfazendo de maneira ampla as exigências emocionais de ambos e conferindo uma sensação abrangente de equilíbrio interno.

Mitigando os efeitos traumáticos do parto e contribuindo para a prevenção da depressão pós-parto, as primeiras horas após o nascimento são marcadas por uma intensa liberação de ocitocina, um hormônio associado ao bem-estar. Esse hormônio não apenas eleva a tolerância à dor, mas também intensifica a sensação de prazer durante o ato de amamentar, ampliando, consideravelmente, o vínculo afetivo com o bebê.

A técnica em enfermagem com especialização em obstetrícia e ginecologia, UTI neonatal e pediátrica, Wilka Jullya Dias, argumenta que a amamentação, associada à produção hormonal em questão, auxilia a mãe no que se refere à progressão de atenção da mãe às necessidades do bebê.

"O aleitamento materno, em termos de recuperação pós-parto, acelera a contração uterina após o procedimento, o que abranda o risco de hemorragias, câncer de mama e dos ovários, bem como doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2", expressa.

O ato de amamentar, para além do puerpério, desencadeia, de mesmo modo, uma série de efeitos emocionais benéficos, estimulando a afeição compartilhada entre a mãe e o bebê.

"O gesto proporciona uma união física e emocional que resulta em sentimentos agradáveis, como amor, carinho, segurança e apego mútuo, o que contribui para que a criança cresça com uma sensação de acolhimento e confiança, influenciando positivamente o seu desenvolvimento emocional", reforça Wilka.

O lado B da Amamentação

Nos últimos anos, a amamentação tem sido retratada como uma experiência idílica e natural, adornada com a aura da 'maternidade perfeita.' No entanto, essa romantização excessiva do aleitamento materno, em determinados momentos, obscurece os desafios reais e labirínticos que as mulheres enfrentam ao longo deste processo, desviando a atenção das nuances do cenário absoluto.

A imagem confeccionada pela romantização da amamentação negligencia as complexidades físicas e emocionais que as mães podem enfrentar. A pressão para amamentar de forma exclusiva e bem-sucedida é capaz de propagar sentimentos de ansiedade, culpa e inadequação nas mães que enfrentam dificuldades, como baixa produção de leite, problemas de 'pega' ou questões de saúde, corroborando a estigmatização das mães que não conseguem amamentar conforme o padrão propagado.

A estas mulheres, Viviane Miranda suplica para não desistirem de amamentar sem antes recorrer à ajuda de uma consultora de amamentação.

"Percebo que várias mães desistem por ausência de apoio e de orientação correta de profissionais qualificados", revela.

Wilka Jullya, que também atua como consultora de amamentação, aponta que prover leite materno é algo complexo. Sendo assim, ela reitera que cada caso há de ser bem avaliado e estudado pelo profissional atuante.

"Amamentar não é instintivo, a gente não nasce sabendo acalmar, alimentar, posicionar, produzir, segurar, entre outros aspectos. Existe uma amplitude de intercorrências que podem vir a acontecer, assim como existe um vasto campo de técnicas e cuidados para minimizar os desconfortos da amamentação", acrescenta.


📷 Freepik 
Por Vitória Freire/ACritica
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