Há elementos indicando que é substancial o fenômeno de fadiga de materialLula representa a própria marca de seu governo, que sofre com forte crise de popularidade. | 📷 Wilton Júnior/Estadão
Os últimos resultados de pesquisas reiteram que o problema do governo não é de comunicação, mas de quem o chefia. Lula cobra de seus ministros e especialmente de seu marqueteiro uma marca ignorando que ela já existe: é ele mesmo.
A marca enfrenta uma tempestade perfeita. O presidente é maior que seu partido e o conjunto de forças de esquerda. Ocorre que, nesse lado do espectro político, conforme bem demonstrado nas eleições municipais, tudo encolheu, enquanto as forças adversárias sociais e políticas se expandiram.
Há, porém, elementos indicando que é substancial o fenômeno de fadiga de material. Nas broncas que Lula distribui a ministros, ele mesmo admite que seu governo não é original (não tem “marca”), não é eficiente (“não está entregando”) e não desfruta de confiança (“não comunica bem”).
Lula 3 insistiu de saída em decisões políticas que criaram a armadilha fiscal na qual se encontra, e que está na raiz das pressões inflacionárias – o ácido corrosivo de popularidade. Essas decisões vieram do apego do presidente a ideias erradas, especialmente a de que basta injetar dinheiro para fazer a economia crescer.
Crenças desse tipo explicam, em boa parte, a insistência de Lula em caminhos que não trouxeram benefícios político-eleitorais. A ausência de um Estado-Maior digno do nome e a teimosia de um ancião embevecido de si mesmo produziram a tal “desconexão com a realidade” – para Lula e seus auxiliares, é impossível sequer aceitar a hipótese de que uma parcela enorme e crescente do público o rejeita como figura política.
Por William Waack/Estadão