CINEMA - Crítica: Filme “Pecadores” (2025)

Uma Reflexão Profunda sobre Opressão e Ancestralidade em Pecadores. Trama Envolvent marca filme do diretor de “Pantera Negra”


“Pecadores”, ao lado de “Wicked – Parte 2”, já está sendo apontado como um dos favoritos para o Oscar de 2026. E com razão: é um filme intrigante e instigante.

Uma Reflexão Profunda sobre Opressão e Ancestralidade em Pecadores

O filme utiliza metáforas poderosas para abordar a opressão histórica dos negros. Isso vai desde a escravidão até a apropriação cultural. De forma quase antropofágica, com ecos até de canibalismo, “Pecadores” simboliza como os colonizadores se apropriaram do que consideravam bom nessa parcela da população. E destruíram o resto. Dessa forma, a obra revela-se uma representação terrível que pode despertar um forte senso de indignação e até um desejo de vingança, mesmo em pacifistas.

O longa tem direção de Ryan Coogler, responsável pelo aclamado “Pantera Negra”, o primeiro filme da Marvel indicado ao Oscar de Melhor Filme. E é, na minha opinião, superior ao trabalho anterior. Afinal, a originalidade na mistura de elementos e a firmeza na transmissão de suas mensagens tornam “Pecadores” uma obra de arte mais impactante.

Trama Envolvente e Atuações Competentes marcam novo filme do diretor de “Pantera Negra”

Em “Pecadores”, Michael B. Jordan interpreta irmãos gêmeos que retornam à sua cidade natal para reconstruir suas vidas e deixar para trás um passado problemático. No entanto, o passado os assombra novamente quando uma força maligna começa a persegui-los. O que traz à tona medos e traumas. Essa entidade busca dominar a cidade e seus habitantes. Assim, força os irmãos Smoke e Stack a lutar pela sobrevivência. Mais do que enfrentar demônios dominadores e sedentos por poder (e sangue), eles precisarão lidar com lendas e mitos ameaçadores que podem estar por trás de todo o terror. Marcando mais uma colaboração entre Coogler e Jordan, “Pecadores” é um thriller intenso com elementos sobrenaturais e uma trama repleta de mistérios.

Imersão Visual e Sonora no filme Pecadores

O filme cativa desde o início com sua fotografia deslumbrante, atuações impecáveis, roteiro envolvente e uma trilha sonora com blues. Aliás, a cultura e a ancestralidade do povo negro são retratadas de maneira cativante. E é notável que a trilha sonora, composta exclusivamente para o filme, tenha sido criada por um homem branco, que entregou um trabalho brilhante.

Conforme a narrativa avança para cenas mais violentas e simbólicas, que surpreendem o público que estava se divertindo, somos convidados a refletir profundamente sobre os acontecimentos e suas implicações. Apesar da sensação de que a história não terá um final feliz, ela se encerra da melhor maneira possível, dadas as circunstâncias. Afinal, quando o ódio e a violência abrem espaço, é difícil que o desfecho seja otimista. No entanto, o filme reserva momentos próximos ao final que, embora toquem no ódio, são incrivelmente tocantes e resgatam toda a essência de uma história e uma cultura. Aliás, recomendo que fiquem até o final: há uma cena pós-créditos!

Além disso, é fácil se apegar aos gêmeos interpretados por Michael B. Jordan e Sam (Miles Caton). Isso ocorre porque a performance de Jordan é impressionante, tornando natural a diferenciação entre os irmãos. Um deles, com uma participação mais contundente nos momentos finais, é particularmente cativante. “Pecadores” é um filme que entrega entretenimento e metáforas excelentes para reflexão. Sem dúvida, Ryan Coogler está em sua melhor forma neste trabalho.



Por Sophia Mendonça
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