Custo para tirar o documento poderĂĄ cair em 80%

O governo federal estå propondo mudanças no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A principal delas é o fim da obrigatoriedade de frequentar aulas de autoescola na preparação para os exames teórico e pråtico dos departamentos de Trùnsito (Detran) estaduais.
Com isso, o custo para tirar o documento, que hoje chega a R$ 3,2 mil, poderĂĄ cair em 80%.
Na Ășltima quinta-feira (2), o MinistĂ©rio dos Transportes abriu uma consulta pĂșblica sobre o tema. A minuta do projeto ficarĂĄ disponĂvel por 30 dias na plataforma Participa + Brasil e, durante esse perĂodo, qualquer cidadĂŁo poderĂĄ enviar sugestĂ”es e contribuiçÔes. Depois, o texto seguirĂĄ para anĂĄlise do Conselho Nacional de TrĂąnsito (Contran).
De acordo com a pasta, o objetivo das mudanças Ă© modernizar o processo de obtenção da CNH e tornar o documento mais acessĂvel e barato para a população, especialmente nas categorias A (motocicletas) e B (veĂculos de passeio).
“AlĂ©m disso, ao tornar a CNH mais acessĂvel, mais cidadĂŁos deixarĂŁo de dirigir sem habilitação, contribuindo para um trĂąnsito mais regularizado e seguro. Hoje, 20 milhĂ”es de brasileiros dirigem motos e carros sem carteira de habilitação”, diz a pasta.
A proposta prevĂȘ que o candidato possa escolher diferentes formas de se preparar para os exames teĂłrico e prĂĄtico, que continuarĂŁo obrigatĂłrios para a emissĂŁo da CNH. “SĂŁo esses exames que atestam se o condutor estĂĄ devidamente capacitado para dirigir. O objetivo Ă© modernizar o sistema atual, garantindo mais liberdade e economia aos futuros motoristas, sem abrir mĂŁo das exigĂȘncias de segurança viĂĄria”, explica o comunicado.
Confira um perguntas e respostas do Ministério dos Transportes sobre a proposta:
Como obter a CNH?
A abertura do processo serĂĄ feita diretamente pelo site da Secretaria Nacional de TrĂąnsito (Senatran) ou por meio da Carteira Digital de TrĂąnsito (CDT).
Serå obrigatório frequentar os Centros de Formação de Condutores (CFCs) para as aulas?
NĂŁo. O conteĂșdo teĂłrico poderĂĄ ser estudado de forma presencial nos CFCs, por ensino a distĂąncia (EAD) em empresas credenciadas ou, em formato digital, oferecido pela prĂłpria Senatran.
O aluno terĂĄ que cumprir um nĂșmero mĂnimo de aulas prĂĄticas?
NĂŁo. O novo modelo retira a exigĂȘncia de carga horĂĄria mĂnima de 20 horas-aula prĂĄticas. O candidato poderĂĄ escolher como farĂĄ sua preparação: contratando um centro de formação de condutores ou um instrutor autĂŽnomo credenciado pelos Detrans. Isso permite adaptar a formação Ă s necessidades de cada pessoa e reduzir custos, mantendo a obrigatoriedade de ser aprovado nos exames teĂłrico e prĂĄtico para obter a CNH.
E como ficam as categorias C, D e E?
A proposta tambĂ©m prevĂȘ a facilitação dos processos de obtenção da CNH para as categorias C (veĂculos de carga, como caminhĂ”es), D (transporte de passageiros, como ĂŽnibus) e E (carretas e veĂculos articulados) permitindo que os serviços sejam realizados pelas autoescolas ou por outras entidades, com o objetivo de tornar o processo mais ĂĄgil e menos burocrĂĄtico.
Como o novo modelo irĂĄ baratear o custo da CNH?
O custo para obtenção da CNH poderĂĄ cair em atĂ© 80%, resultado da ampliação das formas de oferta da formação teĂłrica, inclusive contando com formatos digitais, e a dispensa da carga horĂĄria mĂnima nas aulas prĂĄticas. A maior liberdade de escolha para o candidato torna o processo mais flexĂvel, amplia o acesso e estimula a concorrĂȘncia, o que deve reduzir os preços para obter a primeira habilitação.
O projeto diminui a importĂąncia dos CFCs?
NĂŁo. Os CFCs continuarĂŁo oferecendo aulas, mas a exigĂȘncia legal de carga horĂĄria mĂnima para aulas prĂĄticas serĂĄ dispensada. AlĂ©m disso, os centros de formação poderĂŁo ofertar seus cursos tambĂ©m na modalidade EAD. Dessa forma, os centros de formação de condutores seguirĂŁo oferecendo serviços complementares e personalizados, com foco em qualidade e acessibilidade.
O novo modelo aumenta a segurança no trùnsito?
Sim. A expectativa Ă© ampliar o nĂșmero de condutores habilitados e reduzir a condução sem formação adequada. A formalização do processo contribui para diminuir a informalidade e fortalecer a fiscalização. Vale lembrar que, assim como no modelo atual, as habilidades para dirigir em vias pĂșblicas continuarĂŁo sendo avaliadas por exames teĂłricos e prĂĄticos obrigatĂłrios. As aulas, por si sĂł, nĂŁo garantem que o candidato esteja apto; Ă© a prova que atesta se ele realmente possui as competĂȘncias necessĂĄrias para dirigir com segurança.
Quem irĂĄ se beneficiar com a proposta?
Todos os brasileiros, especialmente aqueles com menor renda. Atualmente, cerca de 161 milhÔes de brasileiros estão em idade legal para dirigir, mas muitos ainda não possuem habilitação, em grande parte devido ao alto custo do processo atual.
Como serĂĄ o procedimento para credenciar instrutores autĂŽnomos?
Os instrutores deverĂŁo ser credenciados pelos Detrans. A Senatran permitirĂĄ a formação desses profissionais por cursos digitais. Os cursos para instrutores poderĂŁo ser feitos Ă distĂąncia, mas seguirĂŁo critĂ©rios rigorosos definidos pelos Detrans e pela Senatran, com conteĂșdos padronizados, avaliação final obrigatĂłria e controle digital, garantindo a qualidade da formação. Nenhum profissional poderĂĄ atuar sem credenciamento oficial: todos passarĂŁo por avaliação, deverĂŁo cumprir requisitos legais e serĂŁo identificados digitalmente na Carteira Digital de TrĂąnsito.
O processo serĂĄ menos burocrĂĄtico?
Sim. O projeto prevĂȘ o uso de soluçÔes tecnolĂłgicas, como plataformas que conectem candidatos e instrutores, semelhantes a aplicativos de mobilidade. Essas ferramentas poderĂŁo oferecer agendamento, geolocalização e pagamentos digitais.
Existem outros paĂses que jĂĄ adotam essa medida?
Sim. A proposta se inspira em prĂĄticas de paĂses como Estados Unidos, CanadĂĄ, Inglaterra, JapĂŁo, Paraguai e Uruguai, onde os modelos de formação sĂŁo mais flexĂveis e centrados na autonomia do cidadĂŁo.