Decreto inclui 147 municĂpios, dos quais 71 estĂŁo em ĂĄrea de seca classificada como grave devido Ă escassez de chuvas neste ano

Tendo em vista a redução considerĂĄvel dos Ăndices pluviomĂ©tricos na estação chuvosa de 2025, afetando a recarga hĂdrica nos principais reservatĂłrios pĂșblicos e a produção agrĂcola, o Governo do Estado reconheceu situação de seca em 147 municĂpios do Rio Grande do Norte. O Decreto nÂș 34.946, de 1Âș de outubro de 2025, assinado pela governadora FĂĄtima Bezerra, serĂĄ publicado no DiĂĄrio Oficial do Estado (DOE/RN) desta quinta-feira (2).
O decreto estĂĄ embasado em relatĂłrios da AgĂȘncia Nacional de Ăguas (ANA), da Companhia de Ăguas e Esgotos (Caern), da Secretaria da Agricultura, PecuĂĄria e Pesca (SAPE) e da Empresa de Pesquisa AgropecuĂĄria (Emparn). Os dados da Emparn indicam que a estação chuvosa de 2025 (janeiro a junho) ficou 16,1% abaixo do esperado, com maior grau de severidade nas mesorregiĂ”es Central (-24,5%) e Agreste (-20,4%).
Dos 147 municĂpios listados no decreto (88% do total do Estado), 71 estĂŁo em situação de “seca grave”, entre eles CaicĂł, Currais Novos, CaraĂșbas, Parelhas, Pau dos Ferros, SĂŁo Miguel, Alexandria, ParanĂĄ; outros 36 estĂŁo na condição de “seca moderada”, e 40 em seca fraca. “As regiĂ”es mais afetadas sĂŁo o SeridĂł e o Alto Oeste, com impactos mais graves que nas demais regiĂ”es do Estado”, informa o coordenador da Defesa Civil Estadual, tenente-coronel Alexandre Fonseca. Na regiĂŁo conhecida como Alto Oeste, ou popularmente chamada “tromba do elefante”, sĂŁo 28 municĂpios nessa situação.
De acordo com a Caern, dez cidades estĂŁo em situação de colapso ou prĂ©-colapso no abastecimento, atingindo diretamente cerca de 108.000 habitantes, sendo o caso mais crĂtico o de Serra do Mel, que se encontra em colapso hĂĄ quatro anos devido Ă contaminação dos poços usados como fonte de captação de ĂĄgua. Nesta quarta-feira (01), os reservatĂłrios pĂșblicos monitorados pelo Instituto de GestĂŁo de Ăguas (Igarn) acumulavam 2,28 bilhĂ”es de metros cĂșbicos, 44,2% da capacidade. No mesmo perĂodo do ano passado, eram 3,14 bilhĂ”es de metros cĂșbicos.
Em relatĂłrio sobre o setor rural, a Secretaria de Agricultura, da PecuĂĄria e da Pesca (SAPE) informa que a escassez hĂdrica dominante nas fazendas e pequenas unidades produtivas da agricultura familiar do RN contribuiu para reduzir a produção no campo, principalmente em regime de sequeiro. A lavoura mais prejudicada Ă© a do milho, depois vĂȘm o feijĂŁo e o algodĂŁo e, em seguida, o Sorgo. O algodĂŁo agroecolĂłgico tem perda de 90% da ĂĄrea cultivada.
AĂĂES DO GOVERNO
O Governo do Estado vem monitorando a situação desde que os primeiros sinais de estiagem começaram a se delinear. Diante disso, a governadora FĂĄtima Bezerra reuniu o ComitĂȘ de Acompanhamento HĂdrico e determinou uma sĂ©rie de açÔes para atenuar os efeitos provocados por um perĂodo prolongado sem chuva no semiĂĄrido potiguar, com destaque para a perfuração e instalação de poços. SerĂŁo 500 atĂ© abril de 2026; a construção de 2.500 cisternas (396 jĂĄ concluĂdas), a recuperação e instalação de novos sistemas de dessalinizadores e outras obras hĂdricas estruturantes.
“JĂĄ estamos com um conjunto de açÔes em execução, especialmente na ĂĄrea da agricultura, como um projeto da Emparn de produção de feno a preço subsidiado, com o qual estamos conseguindo chegar a vĂĄrios municĂpios para ajudar os pequenos produtores. TambĂ©m estamos atuando fortemente na distribuição de palma forrageira. O objetivo nĂŁo Ă© o consumo imediato pelos animais, mas principalmente que os agricultores recebam sementes e mudas de boa qualidade para plantar em suas propriedades e, assim, assegurar a alimentação dos rebanhos em futuras estiagens — que, por estarmos no clima semiĂĄrido, certamente teremos”, destaca o secretĂĄrio da Agricultura, Guilherme Saldanha.
AlĂ©m disso, a zona rural de 76 municĂpios do RN estĂĄ sendo abastecida atualmente pelo Programa da Operação Carro-Pipa da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, do MinistĂ©rio da Integração e do Desenvolvimento Regional, executado por meio do ExĂ©rcito Brasileiro. Uma frota de 210 caminhĂ”es leva ĂĄgua potĂĄvel para consumo humano atĂ© essas localidades.

Obras estruturantes
Para garantir a segurança hĂdrica nas regiĂ”es mais afetadas por desastres naturais climatolĂłgicos, vĂȘm sendo executadas, desde a primeira gestĂŁo (2019-2022) da professora FĂĄtima Bezerra, uma sĂ©rie de grandes obras. A barragem Oiticica — o segundo maior reservatĂłrio do RN — foi inaugurada em março/25, depois de 12 anos em construção, para receber as ĂĄguas da transposição. A primeira cota, de 47 milhĂ”es de metros cĂșbicos, começou a chegar ao RN no dia 13 de agosto. Essa medida faz parte das açÔes preventivas do governo estadual jĂĄ visando a seca.
O secretĂĄrio de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos HĂdricos (Semarh), Paulo Varella Neto, aponta tambĂ©m os investimentos em redes de adutoras para levar ĂĄgua Ă s regiĂ”es de maior vulnerabilidade hĂdrica. Ă o caso da Adutora do SeridĂł, em andamento, para atender a uma população de mais de 300 mil habitantes, e da Adutora do Agreste, para reforçar o abastecimento de 38 cidades e de uma população em torno de 400 mil moradores.
Com investimento de R$ 82 milhĂ”es, a adutora Apodi-MossorĂł jĂĄ opera de forma experimental no trecho de 63 km, com tubulaçÔes instaladas ao longo da BR-405. A ĂĄgua que serĂĄ transportada pela adutora vai reforçar o abastecimento e garantir o suprimento de MossorĂł, municĂpio com 278,5 mil habitantes, mesmo em perĂodo de maior escassez hĂdrica.
"O Governo do Estado estĂĄ fazendo um grande esforço para que a gestĂŁo de recursos hĂdricos no SemiĂĄrido possa evoluir de uma gestĂŁo de crise, com soluçÔes emergenciais, para uma gestĂŁo de risco calculada, baseada no planejamento", afirma.
Relação de municĂpios do Rio Grande do Norte afetados pelo desastre climatolĂłgico seca:
1.Acari; 2. Assu; 3. Ăgua Nova; 4. Afonso Bezerra; 5. Alexandria; 6. Almino Afonso; 7. Alto do Rodrigues; 8. Angicos; 9. AntĂŽnio Martins; 10. Apodi; 11. Areia Branca; 12. BaraĂșna; 13. Barcelona; 14. Bento Fernandes; 15. BodĂł; 16. Bom Jesus; 17. Boa SaĂșde; 18. Caiçara do Norte; 19. Caiçara do Rio do Vento; 20. CaicĂł; 21. Campo Grande; 22. Campo Redondo; 23. CaraĂșbas; 24. CarnaĂșba dos Dantas; 25. Carnaubais; 26. CearĂĄ-Mirim; 27. Cerro CorĂĄ; 28. Coronel Ezequiel; 29. Coronel JoĂŁo Pessoa; 30. Cruzeta; 31. Currais Novos; 32. Doutor Severiano; 33. Encanto; 34. Equador; 35. Felipe Guerra; 36. Fernando Pedroza; 37. FlorĂąnia; 38. Francisco Dantas; 39. Frutuoso Gomes; 40. Galinhos; 41. Governador Dix-sept Rosado; 42. Grossos; 43. GuamarĂ©; 44. Ielmo Marinho; 45. Ipanguaçu; 46. Ipueira; 47. ItajĂĄ; 48. ItaĂș; 49. JaçanĂŁ; 50. JandaĂra; 51. JanduĂs; 52. Japi; 53. Jardim de Angicos; 54. Jardim de Piranhas; 55. Jardim do SeridĂł; 56. JoĂŁo CĂąmara; 57. JoĂŁo Dias; 58. JosĂ© da Penha; 59. Jucurutu; 60. Lagoa d’Anta; 61. Lagoa de Pedras; 62. Lagoa de Velhos; 63. Lagoa Nova; 64. Lagoa Salgada; 65. Lajes; 66. Lajes Pintadas; 67. LucrĂ©cia; 68. LuĂs Gomes; 69. MacaĂba; 70. Macau; 71. Major Sales; 72. Marcelino Vieira; 73. Martins; 74. Maxaranguape; 75. Messias Targino; 76. Monte Alegre; 77. Monte das Gameleiras; 78. MossorĂł; 79. Nova Cruz; 80. Olho d’Ăgua do Borges; 81. Ouro Branco; 82. ParanĂĄ; 83. ParaĂș; 84. Parelhas; 85. Parazinho; 86. Passa e Fica; 87. Patu; 88. Pau dos Ferros; 89. Pedra Grande; 90. Pedra Preta; 91. Pedro Avelino; 92. PendĂȘncias; 93. PilĂ”es; 94. Poço Branco; 95. Portalegre; 96. Porto do Mangue; 97. Pureza; 98. Rafael Fernandes; 99. Rafael Godeiro; 100. Riacho da Cruz; 101. Riacho de Santana; 102. Riachuelo; 103. Rio do Fogo; 104. Rodolfo Fernandes; 105. Ruy Barbosa; 106. Santa Cruz; 107. Santa Maria; 108. Santana do Matos; 109. Santana do SeridĂł; 110. Santo AntĂŽnio; 111. SĂŁo Bento do Norte; 112. SĂŁo Bento do Trairi; 113. SĂŁo Fernando; 114. SĂŁo Francisco do Oeste; 115. SĂŁo JoĂŁo do Sabugi; 116. SĂŁo JosĂ© do Campestre; 117. SĂŁo JosĂ© do SeridĂł; 118. SĂŁo Miguel; 119. SĂŁo Miguel do Gostoso; 120. SĂŁo Paulo do Potengi; 121. SĂŁo Pedro; 122. SĂŁo Rafael; 123. SĂŁo TomĂ©; 124. SĂŁo Vicente; 125. Senador ElĂłi de Souza; 126. Serra Caiada; 127. Serra de SĂŁo Bento; 128. Serra do Mel; 129. Serra Negra do Norte; 130. Serrinha; 131. Serrinha dos Pintos; 132. Severiano Melo; 133. SĂtio Novo; 134. Taboleiro Grande; 135. Taipu; 136. TangarĂĄ; 137. Tenente Ananias; 138. Tenente Laurentino Cruz; 139. Tibau; 140. TimbaĂșba dos Batistas; 141. Touros; 142. Triunfo Potiguar; 143. Umarizal; 144. Upanema; 145. Venha-Ver; 146. Vera Cruz; 147. Viçosa.