Em vias gerais, o abuso de drogas tanto afeta a saúde como também causa impactos sociais e econômicos
Recentemente, a K4 droga sintética foi descoberta circulando nos presídios de São Paulo. Assim que a informação chegou às autoridades, a mídia começou a divulgar os prejuízos que esse tipo de entorpecente pode causar aos dependentes químicos.
O psicólogo do Hospital Santa Mônica em São Paulo, Antônio Chaves Filho, alerta e apresenta informações sobre a droga sintética K4, composta por ingredientes artificiais feitos em laboratório. Conheça os principais sintomas e efeitos da utilização dessa substância e saiba como ajudar alguém que enfrenta a dependência química.
Afinal, o que é a K4 droga sintética e qual é a sua composição?
Em primeiro lugar, é necessário destacar que esta é uma droga semelhante à maconha, porém, seu efeito no organismo é, pelo menos, 100 vezes pior. Inicialmente, a k4 droga sintética foi identificada pelos peritos do Departamento de Perícias Laboratoriais do Instituto-Geral de Perícias (IGP) de Porto Alegre (RS).
Segundo os laudos divulgados pelo IGP, a droga é composta por uma substância chamada 5F-MDMB-PICA, um canabinoide produzido artificialmente em laboratórios clandestinos.
De fabricação artesanal, esse componente K4 provoca efeitos muito parecidos com os da maconha, mas com efeitos bem mais devastador
Entretanto, há outro agravante: a análise da substância levou à conclusão que a diferença entre a dose recreativa da K4 droga sintética e a tóxica é pequena. Ou seja, devido a essas particularidades, o consumo desse tipo de droga representa muito mais riscos à saúde do usuário.
Como e onde ela foi descoberta no Brasil?
A descoberta da k4 droga sintética demonstra que, a cada vez mais, o tráfico de drogas ilícitas procura maneiras diferentes de enganar as autoridades, burlar a fiscalização e, com isso, conseguir meios de infiltrar-se nas penitenciárias. Por esse motivo, o formato de selo utilizado na droga está sendo considerado uma dessas “inovações”.
Nos últimos meses, quando o novo entorpecente passou a circular no presídio de Presidente Bernardes (SP), o fato chamou a atenção dos agentes responsáveis pela segurança penitenciária e das forças policiais ali presentes.
Conforme a coordenadoria prisional, uma visitante foi detida por suspeita de portar uma cartela com vários selos da nova droga. Quando questionados sobre o material apreendido, os policiais afirmaram que os “fabricantes” explicaram que a k4 droga sintética pode ser consumida de diferentes maneiras.
Logo, por ser comercializada em formato de selos impregnados com substâncias potencialmente entorpecentes, a droga pode ser dissolvida, fumada ou até ingerida como chá quente. Contudo, seja qual for a forma de utilização, os efeitos sobre a saúde do usuário são devastadores.
Como a k4 droga sintética age no cérebro?
Geralmente, as drogas sintéticas são fabricadas em laboratórios clandestinos para fugir da fiscalização sanitária e do controle das autoridades. Por tal razão, a composição desses produtos varia muito, pois, como o objetivo é o lucro fácil, os “fabricantes” utilizam diversos materiais para complementar as substâncias com poderes alucinógenos.
Vale destacar, ainda, que a K4 não é produzida à base de maconha: apenas os efeitos no cérebro são comparados ao da cannabis sativa. Quanto ao modo de apresentação, a droga é borrifada em um selo que, quando consumido, as substâncias presentes ativam os mesmos receptores cerebrais estimulados pela maconha.
No cérebro, os produtos psicotrópicos estimulam áreas responsáveis pelo prazer. No entanto, a alegria e a sensação de bem-estar provocadas pelos efeitos dessas substâncias são passageiros. Logo, o consumidor precisa de quantidades cada vez maiores para alcançar os mesmos efeitos de antes.
Quais são os riscos de consumir drogas como a K4 sintética?
O mercado de entorpecentes é de difícil controle pelos órgãos fiscalizadores. Devido à rapidez com que são elaborados e modificados, tais produtos atravessam fronteiras e colocam em risco a vida de milhões de pessoas. Dados do último Relatório Mundial sobre Drogas mostram que, no mundo, o número de pessoas que já usaram drogas ultrapassa 269 milhões.
Nesse contexto, listamos os maiores problemas que essa droga pode causar aos usuários. Veja quais são!
Prejuízos ao organismo
Devido ao seu efeito alucinógeno potente, a droga K4 sintética pode causar diferentes prejuízos mentais e físicos. No início, os sintomas que indicam esses perigos são:
- Alucinações;
- Pesadelos;
- Sudorese excessiva;
- Náuseas;
- Dores de cabeça;
- Insônia;
- Dificuldades de memória e de concentração.
- Transtornos emocionais e psíquicos
Além de causar dependência química, entorpecentes como a droga K4 afetam importantes funções cerebrais. Consequentemente, o usuário se expõe a riscos de desenvolvimento de diferentes transtornos emocionais e psíquicos. Nessa condição, o risco de desenvolver doenças como depressão, ansiedade e síndrome do pânico é elevado.
Tendência à adição em drogas ainda mais potentes
Outro problema decorrente do consumo abusivo de tóxicos é a tendência à adição e ao envolvimento com outras drogas mais viciantes. O uso desses produtos alucinógenos também provoca crises existenciais que levam aos distúrbios psiquiátricos. Se não tratados, tais quadros cursam para situações graves, como a ideação suicida.
Aliciamento ao crime
Mais um fator preocupante é que a compra e venda de drogas ilegais de diversos tipos está acompanhando o avanço dos meios tecnológicos. Desse modo, o mercado negro descentraliza o tráfico das regiões menos favorecidas e explora o universo virtual. Por essa razão, tanto as autoridades quanto os pais têm mais dificuldade de controlar o acesso a esses produtos.
Os contrabandistas aliciam crianças, adolescentes e jovens para comercializarem seus itens pela Deep Web. Cada vez mais usado pelos criminosos, esse é um ambiente virtual sem limites e com mudanças constantes no modo de operação de práticas ilegais. Assim, as drogas chegam facilmente à casa dos indivíduos como encomendas disfarçadas, que dificultam as investigações.
Como ajudar alguém com adição em drogas?
Como você percebeu, é preciso orientar as pessoas sobre os riscos que as drogas ilícitas representam para a vida pessoal, acadêmica e profissional. Além do sofrimento que causam, seus impactos não se limitam apenas às questões legais ou sanitárias.
Portanto, se você ou alguém de seu convívio necessita de ajuda nesse sentido, visite as inúmeras clínicas terapêuticas existentes no país e conheça os tratamentos para dependentes químicos oferecidos por elas. Geralmente tem clínicas que atuam nessa área em todos os estados brasileiros. Os profissionais atuam na reabilitação da saúde mental de pessoas envolvidas com tóxicos de qualquer natureza, mesmo que tenham o potencial de adição como a K4 droga sintética.
Ministério da Justiça e Segurança Pública lança 1º informe do Subsistema de Alerta Rápido sobre Drogas
Foi lançado nesta semana, o primeiro informe do Subsistema de Alerta Rápido sobre Drogas (SAR), que traz dados e análises de novas substâncias psicoativas identificadas no país a partir de dados da Polícia Federal (PF) e do Instituto de Criminalística da Superintendência da Polícia Técnico-Científica do Estado de São Paulo.
De acordo com dados cedidos pela Polícia Federal, somente em 2020, foram produzidos 594 laudos sobre drogas sintéticas, que identificaram 677 substâncias, sendo 10 catalogadas pela primeira vez no país.
Entre os alertas do informe, merece destaque o aumento da tentativa de entrada de canabinóides sintéticos, conhecida como K4, em presídios de todo o país. A droga é semelhante à maconha, mas com efeitos mais tóxicos. O avanço, segundo dados das polícias, se deu a partir das restrições sanitárias que ocorreram durante a pandemia da Covid-19, por ser oferecida na forma de pequenos papéis e selos.
“Sabemos que as novas substâncias psicoativas apresentam efeitos similares a outras drogas já conhecidas. Mas a maior ameaça em termos de políticas públicas é o fato dessas drogas serem capazes de burlar o sistema de controle, uma vez que não estão na relação de drogas proibidas", destacou Luiz Beggiora, secretário Nacional de Polícia Sobre Drogas e Gestão de Ativos, durante lançamento do documento.
📷 Divulgação
Redação