BRASÍLIA - Dino ganha força para o Supremo, e PT vive dilema

Ministro da Justiça e da Segurança Pública contaria com a simpatia de Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes; com a escolha, Lula elimina automaticamente um concorrente à Presidência em 2026

Ministro da Justiça e Segurança Pública é um dos cotados para substituir Rosa Weber no Supremo. | 📷 Wilton Júnior/EC


Flávio Dino, que defendeu mais cedo a revisão da adesão do Brasil ao Tribunal Penal Internacional, ganhou força nas últimas semanas para substituir Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal. Fontes no STF e no Palácio do Planalto sugerem que o ministro da Justiça e da Segurança Pública contaria com a simpatia de Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, o decano da Corte.

Com a escolha, Lula também eliminaria automaticamente um concorrente natural à Presidência em 2026, seja em caso de reeleição ou de indicação de um sucessor de confiança. Dino integra o PSB de Geraldo Alckmin, que teria prioridade no apoio do presidente.

No PT, especialmente na ala jurídica, a opção por Dino é vista com cautela, pois reduz a representação feminina no Supremo. O grupo Prerrogativas, um dos principais defensores de uma candidatura feminina, também se ressente da não escolha de Jorge Messias, atual advogado-geral da União, que é visto na Corte como uma espécie de voto acessório de Cristiano Zanin, o que deixaria o ministro novado “muito poderoso”. Em compensação, Messias poderá ganhar um assento no Tribunal de Contas da União, justamente no lugar de Bruno Dantas, que acabaria no Superior Tribunal de Justiça.

Segundo esses interlocutores, Renan Calheiros, padrinho político do presidente do TCU, toparia essa solução intermediária — que não descarta a indicação futura de Dantas para o STF — associada ao apoio de Lula para a Presidência do Senado em 2025. Causa incômodo entre os petistas, porém, a articulação em curso para que o advogado Augusto de Arruda Botelho (PSB), atual secretário Nacional de Justiça, assuma o MJSP no lugar de Dino, inviabilizando a indicação de um nome do partido. Nesse caso, a pressão pela divisão do Ministério da Justiça e da Segurança Pública deve aumentar consideravelmente.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do portal Jovem Pan.

Por Claudio Dantas/JP
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