Filme traz fotografia espetacular e força da história que tem na imensidão do deserto o maior aliado
Sequência de Duna estreou na última quinta, continuando a história de Paul Atreides, interpretado por Timothée Chalamet. | 📷 Divulgação
Não se fala em outra coisa: seria 'Duna: Parte Dois' o melhor filme de 2024? Sequência de Duna, lançado em 2021 e também dirigido por Dennis Villeneuve, ele chegou aos cinemas na última quinta-feira (29) sob forte aclamação da crítica mundial e expectativa de fãs ansiosos pelo novo capítulo na história de Paul Atreides. Neste momento, quando nos restam ainda tantos meses para o fim do ano, é difícil dizer se a obra é a melhor, mas é possível defini-la como uma das maiores do gênero.
Fanatismo religioso, política, amor, guerra. Esses são alguns dos temas com os quais o longa trabalha, junto da ideia de ser um grande épico de ficção científica. 'Duna: Parte Dois' é quase mestre em tudo que se propõe. A quem assiste, sobra a função de manter a respiração cadenciada para não perder o fôlego diante dos acontecimentos que permeiam quase três horas de filme, sem entediar em nenhum momento.
Veja o trailer:
Villeneuve sabe de todo o potencial que tem em mãos e parece ter utilizado cada gota de suor necessária para transformar a própria obra em algo a ser documentado na história cinematográfica. 'Duna 2' é imersão, é bonito de ver, entretém no mais alto nível e sabe, assim, criar ainda mais expectativa sobre o que está por vir.
Jornada do Messias de Arrakis
Se no primeiro longa a história dos Atreides e a derrocada da família eram o foco, o segundo se abre para a crença religiosa de que Paul é o tão sonhado Lisan al Gaib - que também ganha nomes como Kwisatz Haderach ou Muad'Dib -, presente nas histórias de Arrakis como o salvador, o predestinado a levar o planeta que dá nome à obra aos dias de glória. O filme, claro, abraça o mito para construir a jornada do protagonista, definido até mesmo pelo próprio diretor como um anti-herói.
O longa, assim, entra exatamente no encerramento do anterior, quando Paul (Timothée Chalamet) e Lady Jessica (Rebecca Ferguson) são resgatados pelos nativos Fremen e ele passa a aprender a cultura e os hábitos do povo ao qual se uniu. Nesse meio tempo, se apaixona por Chani (Zendaya), mas precisa lidar com a idealização do amor e luta por Arrakis enquanto uma legião de fiéis deseja levá-lo a assumir o papel de messias.
Paul Atreides é o Muad'Dib dos Fremen, mas isso não o torna herói de um povo. | 📷 Divulgação
A devoção dos demais personagens em relação à Paul faz com que até o próprio espectador crie uma relação dúbia com o personagem. Será ele de fato o tal Kwisatz Haderach? Como a devoção do povo Fremen também exemplifica o funcionamento da criação de figuras grandiosas no cenário político do mundo real?
O longa mergulha na dúvida, brinca com o culto exagerado e até mesmo o próprio protagonista se questiona sobre o que é verdade. Acerto de Villeneuve e Jon Spaihts, que assinam o roteiro responsável pela adaptação da obra literária de Frank Herbert.
É justamente toda a especulação e a crítica clara à adoração exacerbada que parecem convergir no fim do filme, deixando em aberto a possibilidade de um terceiro capítulo. A guerra santa se aproxima, não há incerteza, e Paul terá papel importante caso isso ocorra.
Zendaya e Chalamet
'Duna 2' possui no espetáculo o maior aliado, mas também triunfa diante do elenco estelar que possui. São muitos destaques a citar por aqui, sem dúvidas. Javier Bardem representa a fé do povo Fremen em Stilgar de forma despretensiosa e no tom ideal, enquanto Rebeca Ferguson, por exemplo, causa arrepios a cada cena em que surge em tela.
Um parágrafo especial aqui, claro, para Austin Butler. Como Feyd-Rautha ele é excepcional, potente, causa ira e, quase simultaneamente, faz com o que o espectador clame por mais tempo de tela a ele.
Zendaya traduz força de Chani no olhar e personagem ganha tanto destaque quanto Paul na obra. | 📷 Divulgação
Para elogiar o trabalho dos artistas, inclusive, cabe citar cada detalhe de Zendaya e Chalamet. Ela é representação completa da força do povo do qual Chani faz parte e transparece claramente o misto da dúvida que cerca o futuro de Paul Atreides. Quem tiver lido o livro, inclusive, vai se surpreender com os novos contornos da personagem, mudanças importantes para o contexto do lançamento atual, vale ressaltar.
Enquanto isso, Chalamet surge bem demais como Paul mais uma vez e prova a cada segundo ter sido a escolha perfeita para a adaptação. De rapaz inseguro a líder, Paul constrói a narrativa do poder pelo ódio, amadurecendo diante da história que insiste em revelá-lo como poder central em uma guerra gigantesca.
A palavra é bem essa: gigante. 'Duna: Parte Dois' se propõe a trabalhar tudo de mais grandioso que pode no cinema. É daqueles filmes para se ver em telas enormes, com sons absurdos e imergir no que será, certamente, uma experiência inesquecível.
Sequência de Duna estreou na última quinta, continuando a história de Paul Atreides, interpretado por Timothée Chalamet. | 📷 Divulgação
Não se fala em outra coisa: seria 'Duna: Parte Dois' o melhor filme de 2024? Sequência de Duna, lançado em 2021 e também dirigido por Dennis Villeneuve, ele chegou aos cinemas na última quinta-feira (29) sob forte aclamação da crítica mundial e expectativa de fãs ansiosos pelo novo capítulo na história de Paul Atreides. Neste momento, quando nos restam ainda tantos meses para o fim do ano, é difícil dizer se a obra é a melhor, mas é possível defini-la como uma das maiores do gênero.
Fanatismo religioso, política, amor, guerra. Esses são alguns dos temas com os quais o longa trabalha, junto da ideia de ser um grande épico de ficção científica. 'Duna: Parte Dois' é quase mestre em tudo que se propõe. A quem assiste, sobra a função de manter a respiração cadenciada para não perder o fôlego diante dos acontecimentos que permeiam quase três horas de filme, sem entediar em nenhum momento.
Veja o trailer:
Villeneuve sabe de todo o potencial que tem em mãos e parece ter utilizado cada gota de suor necessária para transformar a própria obra em algo a ser documentado na história cinematográfica. 'Duna 2' é imersão, é bonito de ver, entretém no mais alto nível e sabe, assim, criar ainda mais expectativa sobre o que está por vir.
Jornada do Messias de Arrakis
Se no primeiro longa a história dos Atreides e a derrocada da família eram o foco, o segundo se abre para a crença religiosa de que Paul é o tão sonhado Lisan al Gaib - que também ganha nomes como Kwisatz Haderach ou Muad'Dib -, presente nas histórias de Arrakis como o salvador, o predestinado a levar o planeta que dá nome à obra aos dias de glória. O filme, claro, abraça o mito para construir a jornada do protagonista, definido até mesmo pelo próprio diretor como um anti-herói.
O longa, assim, entra exatamente no encerramento do anterior, quando Paul (Timothée Chalamet) e Lady Jessica (Rebecca Ferguson) são resgatados pelos nativos Fremen e ele passa a aprender a cultura e os hábitos do povo ao qual se uniu. Nesse meio tempo, se apaixona por Chani (Zendaya), mas precisa lidar com a idealização do amor e luta por Arrakis enquanto uma legião de fiéis deseja levá-lo a assumir o papel de messias.
Paul Atreides é o Muad'Dib dos Fremen, mas isso não o torna herói de um povo. | 📷 Divulgação
A devoção dos demais personagens em relação à Paul faz com que até o próprio espectador crie uma relação dúbia com o personagem. Será ele de fato o tal Kwisatz Haderach? Como a devoção do povo Fremen também exemplifica o funcionamento da criação de figuras grandiosas no cenário político do mundo real?
O longa mergulha na dúvida, brinca com o culto exagerado e até mesmo o próprio protagonista se questiona sobre o que é verdade. Acerto de Villeneuve e Jon Spaihts, que assinam o roteiro responsável pela adaptação da obra literária de Frank Herbert.
É justamente toda a especulação e a crítica clara à adoração exacerbada que parecem convergir no fim do filme, deixando em aberto a possibilidade de um terceiro capítulo. A guerra santa se aproxima, não há incerteza, e Paul terá papel importante caso isso ocorra.
Zendaya e Chalamet
'Duna 2' possui no espetáculo o maior aliado, mas também triunfa diante do elenco estelar que possui. São muitos destaques a citar por aqui, sem dúvidas. Javier Bardem representa a fé do povo Fremen em Stilgar de forma despretensiosa e no tom ideal, enquanto Rebeca Ferguson, por exemplo, causa arrepios a cada cena em que surge em tela.
Um parágrafo especial aqui, claro, para Austin Butler. Como Feyd-Rautha ele é excepcional, potente, causa ira e, quase simultaneamente, faz com o que o espectador clame por mais tempo de tela a ele.
Zendaya traduz força de Chani no olhar e personagem ganha tanto destaque quanto Paul na obra. | 📷 Divulgação
Para elogiar o trabalho dos artistas, inclusive, cabe citar cada detalhe de Zendaya e Chalamet. Ela é representação completa da força do povo do qual Chani faz parte e transparece claramente o misto da dúvida que cerca o futuro de Paul Atreides. Quem tiver lido o livro, inclusive, vai se surpreender com os novos contornos da personagem, mudanças importantes para o contexto do lançamento atual, vale ressaltar.
Enquanto isso, Chalamet surge bem demais como Paul mais uma vez e prova a cada segundo ter sido a escolha perfeita para a adaptação. De rapaz inseguro a líder, Paul constrói a narrativa do poder pelo ódio, amadurecendo diante da história que insiste em revelá-lo como poder central em uma guerra gigantesca.
A palavra é bem essa: gigante. 'Duna: Parte Dois' se propõe a trabalhar tudo de mais grandioso que pode no cinema. É daqueles filmes para se ver em telas enormes, com sons absurdos e imergir no que será, certamente, uma experiência inesquecível.
Por Mylena Gadelha/DN